Biscoito de Polvilho: Uma Delícia Brasileira

O biscoito de polvilho é um clássico da culinária brasileira, especialmente popular nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, com destaque para Minas Gerais. Conhecido por sua textura leve, crocante e sabor característico, ele é uma iguaria que atravessa gerações, sendo perfeito para acompanhar um café da tarde, um chá ou até mesmo como petisco em momentos de descontração. Feito a partir do polvilho, um amido extraído da mandioca, esse biscoito é naturalmente sem glúten, o que o torna uma excelente opção para pessoas com restrições alimentares. Neste artigo, exploraremos a origem, os tipos, a receita tradicional e algumas curiosidades sobre o biscoito de polvilho.

Origem e História

Embora a origem exata do biscoito de polvilho seja incerta, há registros de sua preparação desde o século XVIII, especialmente em fazendas mineiras. A mandioca, ingrediente base do polvilho, é uma raiz nativa da América do Sul e já era amplamente utilizada pelos povos indígenas em diversas preparações. Com a colonização, o polvilho passou a ser processado de forma mais sistemática, dando origem a receitas como o biscoito de polvilho e o pão de queijo, outro ícone da culinária brasileira.

Em Minas Gerais, o biscoito de polvilho é considerado uma “quitanda”, termo usado para descrever os quitutes caseiros que fazem parte da tradição gastronômica do estado. Ele é tão emblemático que, em cidades como Conceição dos Ouros, existe até a “Festa do Polvilho”, um evento anual que celebra o ingrediente com atrações musicais e receitas variadas.

Polvilho: Doce ou Azedo?

O polvilho é o coração do biscoito e pode ser encontrado em duas versões principais: doce e azedo. A diferença está no processo de produção:

  • Polvilho Doce: Obtido pela secagem do amido da mandioca, tem uma textura mais suave e é frequentemente usado em bolos, doces e receitas que requerem menos crocância.
  • Polvilho Azedo: Resulta da fermentação do amido da mandioca, o que confere um sabor levemente ácido e uma textura mais leve e crocante, ideal para biscoitos assados ou fritos.

A escolha entre polvilho doce ou azedo depende do tipo de biscoito desejado. O polvilho azedo é mais comum na receita tradicional assada, enquanto o doce é frequentemente usado em versões fritas ou doces.

Receita Tradicional de Biscoito de Polvilho Assado

A receita de biscoito de polvilho é simples, mas exige atenção aos detalhes para garantir a crocância perfeita. Abaixo, apresentamos uma receita clássica para biscoitos assados, inspirada em fontes tradicionais:

Ingredientes

  • 500 g de polvilho azedo
  • 1 xícara (chá) de água
  • 1/2 xícara (chá) de óleo vegetal
  • 1 colher (chá) de sal
  • 2 ovos (pode ser necessário um terceiro, dependendo da consistência da massa)
  • 1/4 xícara (chá) de leite (opcional, para ajustar a textura)

Modo de Preparo

  1. Escaldar o polvilho: Em uma panela, leve a água, o óleo e o sal ao fogo até ferver. Despeje a mistura quente sobre o polvilho em uma tigela grande e misture bem com uma colher até formar uma farofa grossa. Deixe amornar por cerca de 5 minutos.
  2. Incorporar os ovos: Adicione os ovos, um de cada vez, misturando bem com as mãos ou uma espátula. A massa deve ficar lisa, homogênea e um pouco pegajosa, mas não muito líquida. Se necessário, adicione um terceiro ovo ou um pouco de leite aos poucos para ajustar a consistência.
  3. Modelar os biscoitos: Transfira a massa para um saco de confeiteiro (ou um saco plástico com a ponta cortada). Em uma assadeira sem untar, modele os biscoitos no formato desejado (palitos, ferraduras ou círculos), deixando espaço entre eles, pois crescem durante o cozimento.
  4. Assar: Preaqueça o forno a 180°C e asse os biscoitos por 20 a 30 minutos, ou até que estejam levemente dourados por baixo. Evite abrir o forno durante o cozimento para que não murchem.
  5. Armazenar: Após esfriarem, guarde os biscoitos em um recipiente hermético para manter a crocância por até um mês.

Dicas

  • Para um sabor extra, adicione 3 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado ou ervas secas, como orégano, à massa.
  • Se a massa ficar muito mole, acrescente polvilho aos poucos; se estiver seca, adicione um pouco mais de líquido (água ou leite).
  • Para biscoitos mais uniformes, use um bico de confeiteiro liso.

Variações do Biscoito de Polvilho

Além da versão assada, o biscoito de polvilho pode ser preparado de outras formas, cada uma com suas particularidades:

  • Biscoito de Polvilho Frito: Feito com polvilho doce, ovos e açúcar, é moldado em formatos como rosquinhas ou palitos e frito em óleo quente. Tem uma textura crocante por fora e levemente macia por dentro, sendo popular em festas juninas.
  • Biscoito de Polvilho Doce: Uma variação assada ou frita que leva açúcar na massa, resultando em um sabor adocicado. É ideal para quem prefere um lanche menos salgado.
  • Biscoito com Queijo: Inspirado no pão de queijo, essa versão incorpora queijo ralado (como muçarela ou parmesão) à massa, criando um biscoito ainda mais saboroso.
  • Biscoito Peta: Uma receita sem leite, perfeita para intolerantes à lactose, que usa polvilho doce e mantém a crocância característica.

Curiosidades e Cuidados

  • Sem Glúten: Por ser feito com polvilho, o biscoito é naturalmente livre de glúten, mas é importante verificar os rótulos dos ingredientes para evitar contaminação cruzada.
  • Alto Teor de Sódio: Apesar de ser um petisco leve e com baixo teor calórico, o biscoito de polvilho pode conter altas quantidades de sódio. Segundo a Anvisa, um pacote de 100 g pode ter até 1.092 mg de sódio, mais da metade da ingestão diária recomendada pela OMS (2.000 mg). Portanto, consuma com moderação, especialmente se você tem restrições relacionadas ao sal.
  • Não Recomendado para Bebês: Devido ao alto teor de sódio e à baixa oferta de nutrientes, o biscoito de polvilho não é indicado para bebês, conforme orienta a Sociedade Brasileira de Pediatria. O sal deve ser introduzido com moderação apenas após os 12 meses.
  • Produção Artesanal: Em algumas regiões, como a zona leste de São Paulo, casais e pequenos produtores fabricam toneladas de biscoitos de polvilho por semana, mantendo viva a tradição artesanal.

Conclusão

O biscoito de polvilho é mais do que um simples petisco; é uma expressão da cultura brasileira, com raízes profundas na culinária indígena e na tradição mineira. Sua versatilidade, crocância e sabor único o tornam um favorito em todo o país, seja em padarias, festas juninas ou na mesa de casa. Com uma receita simples e ingredientes acessíveis, é fácil trazer um pedacinho dessa tradição para a sua cozinha. Que tal preparar um lote de biscoitos de polvilho e saboreá-los com um café quentinho? Experimente e celebre essa delícia que é patrimônio da nossa gastronomia!

Publicar comentário